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Autocuidado físico e mental: equilíbrio é a grande busca na vida cotidiana

Considerada a chave para a longevidade, medicina preventiva é mais difícil de pôr em prática do que se imagina

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PorMahjong Ways Blue Studio
4min de leitura

“Prevenção é fundamental, mas saber disso não garante necessariamente uma vida mais saudável.” Foi com essa frase que Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP) e diretor de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, começou sua entrevista sobre autocuidado físico e mental. Almoçando um cacho de uvas e um achocolatado às sete da noite após um dia de emergências, ele ilustrava bem a dificuldade de manter hábitos saudáveis em meio à agitação do trabalho e às obrigações da vida cotidiana.

Ele diz que, embora a medicina diagnóstica e o tratamento de doenças crônicas tenham evoluído nos últimos 40 anos com a tecnologia, o segredo para a longevidade e o bem-estar recai sobretudo na medicina preventiva ou, em termos da moda, no chamado “lifestyle medicine”, que prescreve como meta o autocuidado e hábitos como exercícios, boa alimentação, não fumar e dormir bem. “Um estilo de vida saudável garantiria uma redução enorme no risco de doenças da população e impactaria positivamente a saúde pública. Mesmo em pessoas com doenças degenerativas ou câncer, esses hábitos ampliam a sobrevida. O caminho é fácil de falar, difícil de fazer.”

A baixa adesão aos tratamentos, especialmente em pacientes com doenças crônicas como hipertensão e diabetes, também é um dos pontos de alerta identificados pelo médico. “Nós temos uma medicina de alta tecnologia, a sobrevida aumentou graças a aparelhos e medicamentos mais modernos. O grande problema é que as pessoas continuam infartando. No Brasil, morrem três pessoas a cada dez minutos de doença cardiovascular. A prevenção adequada e a adesão aos tratamentos evitariam essas mortes.”

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Divulgação Foto:Arte Mahjong Ways Blue Studio

Saúde física e mental na enfermaria

Médico internista no Hospital Federal de Ipanema, Octavio Portella também vê essa realidade cotidiana entre seus pacientes e destaca como os aspectos mentais e emocionais interferem na manutenção de uma vida saudável. “Uma pessoa deprimida ou com um transtorno emocional tende a fumar, beber, se drogar, não sair de casa para fazer exercício, comer demais ou até de menos. Isso tudo acarreta consequências para o corpo que vemos nas emergências.”

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O oposto também se faz verdadeiro, explica. “Uma melhora simples na saúde física transforma o estado mental. Vemos isso acontecer, por exemplo, em pacientes com perda de visão que passam por cirurgia de catarata. É um procedimento muito simples para quem executa, mas que garante uma sobrevida com melhor qualidade para quem vivencia.”

Ainda que a relação entre a saúde mental e a física seja direta, ele conta que na realidade hospitalar isso começou a ser observado há menos de uma década, e casos relacionados à obesidade ou até mesmo osteoporose são atualmente analisados de maneira integral. “Hoje, trabalhamos com a questão da humanidade, no sentido amplo. O que se passa na mente do paciente também conta. Isso ainda não é regra, mas está ganhando espaço em consultórios e cursos nas faculdades de medicina.”

Burnout: saúde mental no limite

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A saúde preventiva e a medicina do estilo de vida têm mudado as práticas não apenas nos serviços médicos, mas também nas empresas, com a crescente oferta de atendimento psicológico, programas de bem-estar e, mais recentemente, jornada híbrida entre trabalho presencial e remoto. “Para produzir bem, um funcionário precisa ter estabilidade física e mental. A empresa sabe que é caro ter uma pessoa afastada, adoecida. Mais barato é tê-la saudável e produzindo”, diz o psiquiatra e colunista do Mahjong Ways Daniel Martins de Barros.

Nesse cenário, situações emocionais como o burnout, descrito como um estado mental causado pelo estresse profissional crônico, estão na mira. “Sensação de exaustão e distanciamento em decorrência do estresse não gerenciado adequadamente no local de trabalho são os principais critérios de diagnósticos do burnout. Isso precisa ser tratado para não evoluir para doenças como depressão e transtorno de ansiedade”, destaca Barros

Ele diz, contudo, que a identificação do problema ainda enfrenta barreiras. “Há estigma e preconceito para falar de questões emocionais. A pessoa fica preocupada com o que seu gestor vai pensar ou se isso terá impacto em sua carreira. Temos menos vergonha de falar de uma diarreia do que de uma crise emocional”, relata, e completa: “Precisamos despertar essa importância de olhar para si, discernir o que se está sentindo. Na dúvida, melhor procurar ajuda e não ser nada, a não procurar”.

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As pessoas não percebem que o dia foi passando e elas não se cuidaram adequadamente”

Roberto Kalil, presidente do Conselho Diretor do InCor/HCFMUSP e diretor de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês

“O que é saúde para você?” Assista aos vídeos com os depoimentos de:

Roberto Kalil

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Daniel Martins de Barros

MÊS DA SAÚDE ESTADÃO

Na próxima terça-feira, dia 22, às 10 horas, temos um encontro ao vivo com especialistas para falar mais sobre os temas que estamos tratando durante agosto inteiro, no Mês da Saúde Mahjong Ways. Participe!

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